Cheguei a um rio
rugedor. Queria 
atravessar. Não sabia
o que fazer. Disse-me 
um velho, carrancudo:
não vás 
por aqui, nem por ali, 
tampouco por alá.
E assim muitas, e muitas,
mais vezes.
Estaquei, perplexo
e angustiado.
Foi-se 
o velho. Veio 
um moço, belo
como um anjo
com sexo.
Disse-me: vem,
é por aqui. Da sua mão
passei as poldras,
sem medo
do abisso. Deixou-me 
na outra beira. E foi-se 
de mim. Disse: faz tu 
igual.
Queria
agradecer. Nisto acordei. 
Agora sei
o que é a ausência. Com olhos 
umedecidos, lembro 
o meu anjo, belo.
(Mas sei o que fazer.)
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