quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Humildeza - Carlos Durão

“J’ai mal à tes dents”

(Mme. de Sévigné, Lettres à sa fille)

Doem-me os teus dentes,
quando eles te doem.

Dói-me a tua ferida,
quando ela te magoa.

Dói-me a tua dor,
na angustura, separada,
do destino.

Doem-me os teus olhos,
absurdamente belos,
se eles choram.

Dóis-me tu, com dor
partida.
(Mas tu dóis-me
e não me dóis...)

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