Se trabalho a horta, ao meu lado espreita
vizinho carvalho, forte, independente;
vem-me dele rumor, de vento, mansinho;
faz-me companhia, quando cavo a terra;
mas... mete as raízes por baixo da horta,
e... lança-me a sombra, que alonga na tarde,
e... deita as bolotas, quando o vento é forte,
sem eu dar por isso: mas, andando o tempo,
inçam os rebentos, pela terra adiante
na que eu lavrara: pulam para a luz,
plantinhas com vida, com folhas que tremem
e me desafiam... que lhe vou fazer?;
arranco-as vivas, da raiz tremente;
sinto-me assassino, mas volto a o fazer,
uma vez e outra, e volto a perder...;
o carvalho aceja, forte, indiferente
(mas no outono diz, com vento maininho:
“não podes comigo: eu hei de vencer!”),
deita-me a folhasca, e volto a perder...
Nenhum comentário:
Postar um comentário