domingo, 23 de dezembro de 2012
Às cegas
Às cegas, te vejo, partindo, de mim,
mais longe, esta vez, tua imensa, beleza,
tua luz, o recordo, do bem, e do mal, que me exalta,
teu som, mas distante, que eu toco, rebelde, no escuro,
me faltas, te perco, te perdes, teu rosto, preciso, de ver,
teu recendo, saber, apalpar, te sentir, minha amiga, adorada,
tua voz, teu cantar, mas sem ti, já sou cego, partir-me, não posso,
preciso, te quero, inda em mim, mas te vais, e me perdes,
caminho, pra ti, mas sem guia, sem ti, fico cego,
já sei, tu te afastas, pra mais, não volver.
Sabes tu...?
... o que é isto, de viver? sabes tu?
por que? por que temos, que nós ser?
testemunhar, estar, aqui, assim? pra dar?
perdoar? ou compreender? por que, ser?
pra que, ser? como, ser? fazer? fazermos?
termos, aqui, a morada? e nela? acolhermos?
quem quisermos? quem quiser? amar? e nele?
pensarmos? e o sustermos? e o curarmos?
animarmos? nós? sem saber?
mas pra que, então, viver?
O sonho, que persiste
Dum sonho, acordado, com sono, lembrando,
disseste, na noite, dormida, e humilde-
mente te digo: tu queres, o teu segredo,
que eu quero, abrir, e pode ser! mas através,
dos nossos anos, tu terás sempre, o meu carinho,
pra ti, constante, de longe, ou perto, mas sem distância,
e se me dizes, que tu te vais, não digo nada,
na manhã fria, chega-te a mim, eu te acarinho,
e te alouminho; inda cansados, dessas derrotas,
somos seguros, duma vitória, e escorrentamos,
a vil morneza, a cativeza, dos malvendidos.
Reencontro, esperado
Querida: hoje, mais uma vez, tu me disseste,
não sei que cousa, e me acalmaste, e outra vez,
“you give me confidence”, eu te falei;
tu dás-me isso, eu só te dou, belas palavras,
mas sei que gostas, como eu de ti; tu não mo dizes,
eu não to digo, mas bem o sabe, quem quer que vê,
o abraço estreito, a luz nos olhos, os beiços ledos;
depois seguimos, cada um seu sulco, mas paralelos,
certos, seguros, do que nos une, nos intres meigos.
Perdi tudo, até a tristeza
Primeiro eu cri ter tudo, até de mais,
a chama do amor, vida, alegria,
seguro do carinho, da firmeza,
com múltiplos projetos, e combates,
mas logo eu fui traído, chegou a mim a dor,
depois nem era isso, só essa aleivosia,
e hoje perdi tudo, até a tristeza,
nada ficou, só a palavra, mas com essa,
a ti te chamo, irmã, onde tu vais.
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